Existem invenções de design que revolucionaram o modo de se habitar, tornando a vida cotidiana muito mais prática e confortável de tal maneira que hoje seria impossível vivermos sem elas. Nessas foram investidas a inteligência, o empenho, o trabalho e o dinheiro de muitos homens (e provavelmente algumas mulheres) de visão e determinação.
Por exemplo, dá para imaginar a vida sem geladeira e freezer com a correria que é o dia-a-dia, nos obrigando a estocar comida de uma vez só para não perder muito tempo em idas a supermercados? E o que seria da gente sem o fogão moderno, com todas as suas facilidades? Ou sem o micro-ondas, que nos permite esquentar rapidamente pequenas quantidades de comida e até mesmo cozinhar direto no aparelho? Ou ainda sem a máquina de lavar roupa, que faz praticamente todo o serviço por nós, nos liberando para outras atividades também necessárias? E o que dizer do ferro elétrico, que tornou possível que as pessoas se apresentassem com roupas impecáveis?
Conheça um pouco mais da história desses inventos que envolvem design e se surpreenda com o avanço que houve no mundo em menos de um século.
As geladeiras são eletrodomésticos presentes na cozinha que mantêm a temperatura dos alimentos por meio do frio gerado por um compressor, movido por um motor. Seus ancestrais são as antigas caixas de gelo, que usavam o gelo natural produzido nas regiões mais frias. Mas, em 1856, uma fábrica australiana de cerveja contratou James Herrison para elaborar um sistema que fosse capaz de refrigerar e manter a temperatura do produto baixa, usando o princípio da compressão do vapor.Em 1854, foi feito o primeiro sistema refrigerador para a indústria de carnes, em Chicago, EUA, enquanto, em 1866 foi feito um aperfeiçoamento que permitiu a refrigeração de frutas e legumes. As primeiras geladeiras domésticas só surgiram em 1913, recebendo o nome de Domelre (Domestic Electrical Refrigerator), mas que acabaram mais conhecidas por Kelvinator. Como a maioria das geladeiras modernas, eram arrefecidas por bombas de calor de duas fases. No B rasil, o primeiro aparelho foi construído em 1947 em uma pequena oficina em Brusque, SC, que produziu 31 equipamentos a querosene. Um comerciante de Joiville convenceu os dois sócios da fabriqueta a montar a primeira fábrica de refrigeradores do Brasil, criada em 1950 com o nome Consul. De lá para cá, a indústria de refrigeração evoluiu muito e hoje é possível encontrar não apenas geladeiras de última geração, mas freezers caseiros, que permitem a estocagem de alimentos a longo prazo, em temperaturas abaixo de 18°C . Em termos de design, os equipamentos apresentam linhas moderníssimas, em várias cores ou em materiais como inox, além de diversas inovações que visam a facilitar ainda mais o dia-a-dia. Também há modelos retrô, que buscam recuperar um certo encanto das geladeiras pioneiras dos anos 1950 e 1960. Outra coisa que também se desenvolveu mais recentemente foram as geladeiras exclusivamente para bebidas, como cervejas, e que recebem pintura e design personalizados. Acredita-se que, no futuro, as máquinas de gelar usarão a tecnologia dos supercondutores, o que as tornarão mais duráveis e com muito menos gasto de energia.
Do buraco no chão onde se cozinhava os alimentos aos cooktops foi um longo percurso. O fogão a lenha ou a carvão eram os costumeiros em regiões sem energia elétrica (até mesmo porque esta é relativamente recente), sendo que o fogão a gás obtido a partir do carvão surgiu em 1826, sendo patenteado 10 anos depois por James Sharp. Mas foi Alexis Benoist Soyer, chef de cozinha francês radicado na Inglaterra, quem popularizou o equipamento, que considerava mais limpo e econômico, tendo como grande atrativo o fato de não emitir fumaça. Hoje em dia, ainda são utilizados fogões rústicos e o fogão a gás se popularizou totalmente, sendo ambos fogões de piso. Mas há novas invenções como o fogão de embutir e também o cooktop, pensado principalmente para pessoas solteiras e famílias menores. O cooktop tem apenas as bocas superiores instaladas em mesas, móveis, bancadas, até pias. Ele apresenta dois tipos de aquecimento, a gás e elétrico vitrocerâmico, e está disponível com painel digital ou por controle manual. Os modelos podem ser com sistema de indução (com placas magnéticas) ou de radiação (com resistências elétricas). O cooktop elétrico vitrocerâmico é muito fácil e rápido de limpar, por ter uma superfície de vidro (que é resistente a choques térmicos).
A tecnologia de micro-ondas foi descoberta totalmente por acaso por um perito em rádio que trabalhava para uma empresa chamada Raytheon.
Enquanto trabalhava na construção de magnetrons, um tipo de válvula para
radares, Percy Spencer percebeu que a barra de chocolate que tinha no
bolso tinha começado a derreter. Ele foi o primeiro a fazer experimentos com
outros alimentos, como o milho para pipoca – que foi o primeiro feito por
micro-ondas. O equipamento foi criado por Spencer na década de 1940, sendo que
o primeiro modelo tinha dois metros de altura, pesava 340 kg e custava nada mais,
nada menos US$ 5 mil. Resultado: os chamados fornos eletrônicos
só
se popularizaram na década de 1970, quando foram desenvolvidos aparelhos
menores e mais baratos. Hoje em dia, existem os mais variados modelos, com
múltiplas funções e com preços acessíveis à maioria das pessoas. tendo já se
tornado parte do cotidiano das pessoas e facilitando o preparo das refeições.
Inclusive, esses aparelhos podem ser embutidos na parede da cozinha, dentro de
um projeto de espaço planejado. É o caso do micro-ondas desta cozinha planejada por Laura Santos Design.
Não faz tanto tempo assim, as máquinas de lavar roupa ou lavadoras eram tão caras que as donas de casa tinham que se contentar com o velho tanque com tábua de esfregar. Mas, por incrível que pareça, a história do equipamento é antiga, com pedidos de registro de patentes em 1691, 1752 e 1782, todas na Inglaterra. Na primeira metade do século XIX, o norte-americano Hamilton Smith patenteou a primeira máquina de lavar mecânica. Em 1851, o também norte-americano James King patenteou a primeira máquina lavadora a usar um tambor, o que é usado até hoje. Por outro lado, Nathaniel Briggs é apontado como o primeiro a patentear uma máquina de lavar roupa em 1797, mesmo ano em que Ferguson Hardie apresentou o primeiro esboço da primeira máquina de lavar roupa movida à manivela.Apenas com a invenção e popularização do motor elétrico no começo do século XX é que se conseguiu uma lavadora eficiente e a produção em escala começou em 1906 sob o comando de Alva J. Fischer, que detinha a patente. As máquinas contemporâneas têm dois modelos: o de abertura frontal, mais populares na Europa e no Oriente Médio, e o de abertura superior, mais comum nos EUA, Austrália, Brasil e parte da Europa.
Não pense que nossos ancestrais viviam de roupas amarrotadas, pois há na China registros de panelas rudimentares, cheias de carvão em brasa, que serviam para alisar os tecidos. Foi observando os chineses que os europeus passaram a desenvolver ferros de passar a frio, já que até o século XV as roupas eram engomadas, o que impedia o processo a quente. Entre os materiais que utilizavam estavam o vidro, o mármore e a madeira. Os ferros de passar mais parecidos com os nossos passaram a ser popularizados no século XVII, utilizando carvão em brasa, álcool, água quente e gás. Em 1882, o norte-americano Henry W. Seely patenteou o primeiro ferro de passar elétrico. Em 1924 surgiu o termostato regulável, que finalmente evitava a queima das roupas. Já em 1926 foi a vez de aparecer o ferro a vapor, provavelmente o mais popular hoje em dia.